A vida em movimento: o reflexo nas ruas
Por Leandro Oliveira e Vitoria Rios
A rotina constante do dia a dia não permite que o corpo fique em inércia. Entre carros e motos, o comércio pulsante feito nos semáforos de Uruguaiana não para. Em meio a pandemia, os empreendedores das ruas formados pela necessidade e sua guerra diária para vender seus produtos e garantir o alimento na mesa, deixam suas casas humildes nos bairros mais afastados da cidade e ganham as ruas. Sem muitas alternativas, insistem e resistem, de um lado, a ameaça de contaminação pelo vírus da Covid-19, do outro, a repressão da sociedade.
João Carlos, de 77 anos, natural de Porto Alegre, conta que veio a Uruguaiana para auxiliar uma amiga em 2016, desde então, João não voltou a sua cidade natal porque se sentiu encantado pelo lugar. Com um olhar mais articulado, viu que a cidade possuía um grande movimento no comércio e aceitação positiva para suas vendas.
Apesar da sua idade mais avançada, Carlos não se deixa intimidar pelo trabalho, vende suas balinhas todo o dia no sinal. Não tendo moradia na cidade, o idoso tem a árdua batalha de conseguir todas as noites 40,00 reais, dinheiro destinado para pagar a pousada onde vive. Com encanto e uma simpatia o idoso conquista seus clientes que muitas vezes pagam além do valor das balas de goma.
O movimento diário das pessoas nas ruas nem sempre é positivo. Não basta ter simpatia e um sorriso no rosto, é preciso ter um pouco de sorte. Muitas das vezes passam despercebidos por não possuírem estruturas “adequadas” , embalagens atraentes que saciam os olhos e não o paladar.
Com todos esses desafios, o objetivo principal é não parar. Empreendedores que carregam junto de seus produtos a esperança, a persistência de que terão dias melhores. É preciso adoçar o olhar e colaborar para que essas pessoas se sintam seguras e dignas, pois, são batalhadoras, que em meio a tempos pandêmicos tiveram a coragem de vencer obstáculos.
Essa matéria foi produzida para o componente curricular “Fotojornalismo”, ministrado pelo docente Miro Bacin, do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Pampa, campus São Borja.